domingo, 8 de março de 2009

Tim Festival sem a Tim

Hoje vou pensar alto meio atrasada, sobre uma notícia que me fez pensar bastante durante essa semana: o fim do Tim Festival.

Na semana passada, no dia 04 de março, a empresa comunicou que retiraria o patrocínio ao TIM Festival e ao Prêmio TIM, pois a verba investida até então nos projetos seria repassada para outras alternativas de comunicação da marca.

Esta notícia é suficiente para alimentar milhares de pensamentos, em temas diversos, como a relevância cultural do projeto e sua importância no cenário musical brasileiro; ou como a perda de patrocínios representa o reflexo da crise econômica no mercado cultural; ou ainda como as operadoras possuem estratégias de comunicação incompreensíveis.

Mas o pensamento que gostaria de colocar alto aqui corresponde a minha primeira e estúpida reação ao ler esta notícia. "Tim retira o patrocínio ao Tim Festival" me soou algo como "Bombril abandona fábrica de palhas de aço, e as palhas buscam outra marca para dar continuidade a produção".

E é esse tipo de sensação de propriedade que difere um evento nominado de um investimento sob a chancela de patrocínio (Ex: Bradesco patrocina Circo du Soleil). Os eventos nominados pela marca geram maior apropriação dos conteúdos, e não parecem fazer sentido sem a empresa. De forma mais efetiva do que a chancela patrocínio, os eventos nominados permitem a transferência direta dos atributos e ampliam a lembrança da marca associada, de forma que a retirada do patrocínio da TIM ao Tim Festival pareça significar o fim do projeto criado e mantido pela TIM.

Sabemos que isso não é verdade, já que o Tim Festival já existia antes da Tim com o nome de Free Jazz Festival, e provavelmente existirá depois da Tim com a nominação de outra marca. Mas sabemos também que este investimento da Tim foi tão efetivo e conectado com a essência da marca que, ao menos para a minha geração, parecia que ele havia sido desenvolvido pela empresa.

Eu, como comunicóloga e defensora da interação entre as empresas e o meio cultural, só tenho a lamentar por essa notícia. Não estou dizendo que a TIM não possui seus motivos estratégicos para tomar tal decisão, longe disso. Por outro lado, opino de que esta decisão acarretará na perda de um importante ponto de contato com públicos da operadora, que gerava experiência efetiva e positiva da marca.

Ao meu ver, a empresa tem um grande desafio de transparecer suas opções estratégicas sem afetar o processo de construção da marca, e sem gerar ruídos no relacionamento com seus públicos. A começar por uma comunicação mais transparente e integrada do acontecimento, que vá além de uma nota de imprensa.

De qualquer forma... espero que venha a nova Tim desta história, e se aproprie de tudo isso, pois nós queremos o Festival!

3 comentários:

  1. Então Téia, realmente a longo tempo atrás existia o Free Jazz Festival, porém esse também era veiculado com o nome de uma marca, e de uma coisa muito pior. O cigarro Free lembra, após alguns anos o festival tentou desvincular a marca do acontecimento mas não tenho certeza se com sucesso.
    Após a propaganda de cigarro se tornar proibida o patrocinio não poderia mais ocorrer, porém se você procurar alguns comerciais antigos você verá que os comerciais deste cigarro eram pautados no festival...
    Abraços e belo comentário...

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  2. Infelizmente nenhum grande festival de música conseguiu continuar firme por anos no Brasil. Temos como exemplo o Hollywood Rock, o Phillips Monsters of Rock, e até mesmo o Rock In Rio, que precisou ir para a Europa pra não morrer. Agora temos novas tentativas como o Planeta Terra.... temos também os festivais de música eletrônica como o Nokia Trends ou o Skol Beats.. já teve no fim dos anos 90 o Skol Rock. Mas me parece que, conforme mudam as pessoas da empresa, muda a estratégia, o pensamento, e os festivais acabam mesmo sendo cortados dos planos dos gestores. Acredito que isso não seja um problema nacional, no mundo inteiro é assim, mas talvez os festivais conseguem um número maior de edições do que aqui, por motivos não só econômicos como também cultural. A nossa cultura de desorganização, e de não fazer o devido investimento na produção e qualidade dos festivais, de certa forma assusta o público que vai em um ano, sofre com filas, qualidade de som ruim, falta de alimentos e bebidas, etc.. etc...

    Beijos mãe! seu blog a partir de hoje tem um link no borrifando.

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  3. Nossa, sabe que eu nunca tinha reparado nessa coisa do patrocínio 'virar sinônimo' do patrocinado... Mas é mesmo verdade.
    Uma pena que o tim festival agora esta abandonado, espero que quem tome o lugar seja capaz de seguir estes passos.
    Entretanto, tb estava pensando, será que a Tim não fez isso exatamente pq não quer ficar associada exclusivamente com esse tipo de evento e publico? Afinal, até eu sei que a Tim está ligada em tudo que é coisa de musica. Construiu até o salão la no parque né...
    Vai que os surdos se revoltam e não compram mais celulares Tim! Será que surdo compra celular? Brincadeira, mas vc entendeu o que eu quis dizer.....

    beijosss

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