sexta-feira, 13 de março de 2009

Motivos para nascer antes do que nasci

As (várias) vezes eu tenho a sensação que nasci na época errada. Como diriam meus amigos, eu tenho costumes estranhos de comprar agenda de pessoas mortas* e de acreditar na volta dos que já foram.

Eu realmente posso fazer uma lista de pelo menos mil razões pelas quais eu gostaria de poder voltar no tempo durante uma semana, como assistir TV Pirata, chupando pirulitos que estouram na boca, depois jogar um atari, e assistir a um Festival da Record... Pronto! Agora chegamos no ponto principal deste post: quando o assunto é música, a lista de razões vira uma coisa astronômica, da qual eu não tenho mais controle.

Como diz um grande amigo meu: "menina, saiba que vc está aqui agora por algum motivo!". Eu sei disso, e realmente farei um post só com bons motivos para estar aqui agora, mas quando o assunto é música, fica muito difícil.

Se eu pudesse passar 7 dias em qualquer época, eu certamente os gastaria com música: assistiria um Festival da Record, em especial a final do de 1967; passaria um dia com os novos baianos no sítio de Jacarepaguá; assistiria um show do Tom Jobim; passaria uma madrugada conversando com Vinícius de Moraes; passaria uma tarde ouvindo os improvisos do Sinatra-Farney Fã Club; assistiria o Fino da Bossa no Teatro Paramount e passaria o sétimo dia deprimida sem saber escolher a última opção!!

Sem mais por hoje... e bom fim de semana!

*coleção de agendas "Anotação com arte"

2 comentários:

  1. é... e na época do Atari vc usaria uma calça semi-baggy cintura alta, teria um cabelo maior que o da Amy e no estilo Farrah Fawcett, usaria uma camisa enorme com ombreiras, gel no cabelo, glitter e conga... pensando bem, faz isso e tira uma foto, por favor?

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  2. Achei esse texto bom e acho q se vc parar pra pensar, combna bem com seu post....
    Apesar de eu tb achar que deveria ter nascido antigamente (mais antigamente que vc hehehe) em uma coisinha magica no hoje tb.

    A arte de ser feliz
    Cecília Meireles

    Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
    Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
    Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
    Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes
    encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
    Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
    Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar,
    cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
    Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

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Inspiração